segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Transformando-se na pessoa que Deus quer usar


Servir a Deus deve ser visto por todo cristão como um privilégio, uma alegria, uma honra e uma satisfação. Evangelizar: a mais nobre das tarefas de um discípulo de Cristo.

Como podemos nos transformar na pessoa que Deus pode usar?

Nesta semana estava preenchendo um formulário e em determinado ponto havia uma pergunta sobre qual era a minha profissão e qual a relevância dela para o bem estar da sociedade. Ao responder essa questão refleti sobre o quanto é valoroso o ministério da reconciliação a nós concedido.

Não existe tarefa com maior nobreza do que aquela que Jesus deixou aos seus seguidores - anunciar ao mundo a salvação de Deus ao mundo. Podemos por meio do anúncio do evangelho promover a mudança de pessoas que na visão da sociedade seriam irrecuperáveis.

O privilégio de ser instrumento de Deus é inegavelmente a maior de todas as bênçãos que um pecador pode receber. A Bíblia nos chama de colaboradores de Deus, co-participantes com Deus .

Nada que venhamos a construir ou produzir será eterno e profundo como a conversão de uma pessoa. Nosso foco deve estar voltado para essa nobre tarefa, que os anjos ansiavam por executar, mas que foi dirigida a nós.

Deixe-se ser um instrumento de Deus a favor da humanidade, assim como Jesus fez

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O CONCEITO DE SEMEADOR NA VISÃO DE JESUS

a. A SEMENTE COMO ALGO VIVO E DINÂMICO
O conceito de Jesus da semente é algo profundo. Ele a vê como algo dinâmico e vivo. O semeador, de forma decidida, convicta, saiu a semear, isso nos sugere um processo dinâmico de produção de vida. Todo semeador quando sai para semear tem todo um processo a seguir, desde a escolha e preparo do solo onde plantar até o lançar da semente, pois ele sabe que da semente virá algo vivo, a semente embora inerte está carregando em si, incubado algo vivo.

b. AS CARACTERÍSTICAS DO SEMEADOR NA VISÃO DE JESUS
O semeador é alguém de ação. O verbo “saiu” indica que este homem decidiu por os pés para fora de casa, para fora do lugar tranqüilo em que ele estava e partiu para a ação.

i. NÃO SEMEIA ONDE QUER
Apesar da impressão que se trata de uma ação fortuita, casual, como se o semeador tivesse saído por aí, para semear quase que por acaso, talvez não fosse necessário mencionar que ele sai preparado e pronto para jogar a sua semente, numa ação contínua e processual, sem cessar. A ação deste semeador é contínua gradativa e planejada, ou seja, tem rumo certo ainda que não necessariamente de forma sistematizada.

A verdade que salta aos olhos é que a mensagem do evangelho, assim como a semente deve ser espalhada, mas nem sempre ela será frutífera pois nem sempre cairá em solo preparado, fértil e bem cuidado.

ii. É MARCADO PELA OBEDIÊNCIA
Uma característica marcante em semeador é a obediência. O lavrador que não obedece as regras do tempo está fadado a ter uma colheita pífia. Ele tem que obedecer a época de arar, de adubar, de plantar sob o risco de perder a época certa em que a sua plantação desfrutará das chuvas e do sol na medida certa.

iii. É PACIENTE
No processo da semeadura a paciência é virtude indispensável ao semeador. Neste processo existem tarefas que são dependentes do semeador, mas o surgimento da nova planta independe da capacidade, vontade e ação do semeador. Ele terá que esperar pelo processo natural definido pelo criador.

Não depende do semeador a aceleração do processo de colheita, ela tem o seu tempo certo, por mais esforço que ele empreenda não fará adiantar esse processo. De mesma forma no reino do Senhor nós os semeadores não podemos interferir no processo de nascimento da semente que semeamos, por mais ansiosos que estejamos pelo novo nascimento das pessoas, nosso trabalho consiste em “semear” e não o de fazer brotar e produzir frutos. Cada planta tem seu ciclo de nascimento, crescimento e produção e isso não depende do agricultor, assim também na tarefa de semear o evangelho, cada coração tem seu ciclo de nascimento crescimento e produção, e isso independe da nossa vontade, por isso a paciência é virtude indispensável ao semeador.

iv. É PERSISTENTE
Continuando essa comparação entre o semeador e o pregador, podemos verificar que a persistência é outro elemento indispensável em ambos os casos. As vezes se planta e a chuva não vem e então há a necessidade de replantar, ou as vezes uma praga atinge a plantação e vai exigir do agricultor um novo esforço.

Da mesma forma, na semeadura do evangelho temos que plantar e replantar quantas vezes se fizer necessário, até que tenhamos êxito em nossa pregação.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Exposição de 1 Pedro

1- Autoria:
Não há dúvidas quanto à autoria da carta de Pedro

2- Destinatários
3- Propósito:
a- Encorajar os seus leitores face a perseguição que eles estavam vivendo, por causa da fé em Cristo. Eles devem permanecer firmes em sua convicção e confissão de fé.

b- Instruir seus leitores sobre como viverem em meio a uma sociedade que repulsa os princípios de Deus e que portanto não vê com bons olhos aqueles que praticam tais princípios. Ele aborda vários temas fundamentais, tais como: santidade (pessoal, social e comunitária), esperança, salvação, relacionamento com a sociedade, trindade e especialmente sobre o sofrimento.

4- Esboço
I- INTRODUÇÃO 1.1-2
II- AS MARCAS DO VERDADEIRO CRISTÃO 1.3-2.10
III- AS RESPONSABILIDADES INDIVIDUAIS DO VERDADEIRO CRISTÃO 2.11-4.11
IV- AS RESPONSABILIDADES COLETIVAS DO VERDADEIRO CRISTÃO 4.12 – 5.11
V- CONCLUSÃO 5.12-14


1.1 A identificação do autor

Pedro é um nome grego e significa literalmente rocha ou pedra. Não existe outro Pedro no NT, embora ele chame todos os cristãos de “Pedras” (2.4-5). Em aramaico “pedra” é Cefas e Jesus deu o nome de Cefas a Simão (que é a transliteração para o grego de Simeão, o nome hebraico de Pedro) como uma predição do que o apóstolo viria a ser (Jo. 1.42; Mt 16.18).

Pedro é conhecido por seu temperamento explosivo e impetuoso. Em muitos momentos nos evangelhos, vemos Pedro agindo de forma impetuosa, como quando Jesus foi preso ele não pensou duas vezes e sacou a espada. Mas podemos afirmar que Pedro é um homem em processo de transformação. Ele compreendeu que viver com Jesus é estar em um contínuo processo de mudança.

O encontro de Pedro com Jesus foi um evento único. Jesus fez com Pedro o que não fez com nenhum outro discípulo – ele mudou o nome de Pedro. Encontramos esse paralelo no caso de Abraão e Jacó, em que Deus como sinal de aliança com estes homens muda o nome deles. Como no caso de Abraão, Jesus quis demonstrar a Pedro entrara num relacionamento especial com Ele, que mudaria para sempre a sua vida. Isso ocorrerá com todos os que amam a Jesus, diz o Apocalipse que ao vencedor lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. (Ap 2.17).

Encontramos diferenças radicais entre o Pedro dos evangelhos e o Pedro da carta:
• Nos evangelhos, Pedro esperava a vinda do reino de Deus de imediato e sem a necessidade do sofrimento humano, algo glorioso e vitorioso da parte de Jesus;
• Nos evangelhos, Pedro quis que Jesus subvertesse o governo de Roma e estabelecesse o reino de Deus de imediato;
• Nos evangelhos, Pedro ficou enfurecido com Jesus, quando este falou da eminência da morte na cruz do calvário.
• Em sua carta, Pedro escreve sobre a nossa esperança eterna, o reino de Deus virá, mas antes o sofrimento afligirá, não só o Servo de Javé, mas todos aqueles que se identificam com Ele.
• Na sua carta, ele conclama os crentes a se submeterem às autoridades e instituições humanas, reconhecendo que estas estão sob a autoridade de Deus;
• Em sua carta, ele compreende que o sofrimento não é uma exceção para o cristão verdadeiro, mas uma regra, uma realidade. O sofrimento e a morte de Jesus, se tornou um padrão para a o viver cristão.

Essa mudança no conceito de Pedro nos mostra que a nossa perspectiva muda consideravelmente quando somos participantes e não apenas observadores – até certo ponto as circunstâncias moldam a perspectiva. Nossa perspectiva tem muito a ver com a maneira como encararmos as circunstâncias. Nossa cultura moderna, tende a nos orientar que somos vítimas das circunstâncias adversas que a vida nos impõe. Não somos responsáveis por nossas atitudes e ações quando sofremos injustiças, somos vítimas. Somos uma geração de vítimas.

O processo de mudança que Pedro viveu nos ensina exatamente o contrário. Não somos vitimas, somos vencedores, a partir do momento que usamos as circunstâncias, boas ou ruins, para mudar a nossa perspectiva, a nossa maneira de enxergar o mundo, a vida, a realidade. Segundo Covey, os problemas que enfrentamos encaixam-se em três categorias bem simples: ou são de controle direto – são aqueles problemas que envolvem o nosso próprio comportamento e portanto são resolvidos quando trabalhamos uma mudança de hábito; ou são de controle indireto – são aqueles problemas que envolvem o comportamento dos outros, que são resolvidos quando mudamos a nossa maneira de influenciar as pessoas; ou são de controle inexistente – são os problemas que não podemos interferir, como o passado, realidades ocasionais, por exemplo. Isso implica em assumir a responsabilidade de mudar a nossa atitude em relação ao que não podemos modificar (já pensou como seria Pedro com o caso da negação)

É inspirador saber que ao escolhermos a nossa reação a uma circunstância afetamos intensamente essa mesma circunstância. O princípio é simples e a física explica, se mudamos uma parte da fórmula, alteramos a natureza do resultado. O que temos que aprender é não nos tornarmos reféns de nossos problemas. O problema não pode assumir o controle da minha vida.

A palavra apóstolo, tem um sentido técnico e um sentido amplo (geral).

A identificação dos destinatários
Pedro chama seus leitores de “estrangeiros” para introduzir um conceito em suas mentes. O autor irá desenvolver nesta carta o conceito de que os cristãos são cidadãos do céu e que a sua jornada aqui na terra é passageira ou temporal. (2.11).

Seria precipitado afirmar que Pedro escreveu essa carta para judeus convertidos que haviam sido dispersos de sua terra natal devido à perseguição, uma vez que encontramos textos na carta que indicam fortemente a idéia de que não havia somente judeus no seio dessa comunidade (cf. 1.14-16; 2.10; 4.3-5).

Essa carta é escrita para dar instruções aos crentes sobre como se portarem com santidade, ela contém vários ensinamentos aplicáveis às várias classes dentro da igreja. A bíblia não fala de duas igrejas, uma judaica e outra gentílica. A igreja de Jesus Cristo é um corpo, formado de gentios e judeus e sem nenhuma distinção ou divisão entre eles (cf. Ef 2.11-22).

Pedro não escreve para um grupo de pessoas em uma pequena área geográfica. Ele escreve aos santos que estão espalhados pelo império romano. Esta carta foi então, remetida originalmente às igrejas que se localizavam em cinco províncias romanas. Esta carta tem um caráter circular, ou seja foi escrita para ser lida em todas as igrejas daquela região.


Os destinatários são chamados de “eleitos”

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Exposição de Efésios 4.7

A graça na proporção dom de Cristo:

A graça é usada neste texto com o sentido de um chamado especial para o serviço a Deus (cf. 3. 2,7,8). Nesse sentido nos foi dado a cada um de nós dons diferentes para serem usados em benefício de todos. Como diz Calvino “nenhum membro do corpo de Cristo recebe tal perfeição que o torne apto a suprir suas próprias necessidades, sem a assistência dos outros”. Não existe como funcionar isoladamente dentro da igreja. Os dons são dados individualmente mas só tem razão se a sua funcionalidade for para o coletivo. Isso é sabedoria de Deus que não estabeleceu a uniformidade, mas a variedade de dons para o melhor do corpo de Cristo, sendo assim cada um depende do outro.

Duas implicações deste ensinamento para serem aplicados:

I- Ninguém é dono do seu dom
Não há lugar para a vanglória ou soberba na questão dos dons, pois ninguém pode se vangloriar de algo que não é seu. Tudo o que temos ou possuímos recebemos imerecidamente (nos foi concedido).

É um engano pensarmos na idéia de que podemos manipular o ministério que recebemos. Se o ministério nos foi concedido, então ele não nos pertence, mas ele pertence à aquele que nos concedeu. Seguindo esse raciocínio, não temos direito de exercitar o nosso ministério conforme o nosso querer. O ministério é do Pai, e cabe a nós exercitá-lo na hora, local e intensidade que Deus deseja. Nenhum de nós pode exercer o ministério como se ele fosse nosso, ou seja, de acordo com o que eu penso que posso fazer.

II- Nenhum membro do corpo de Cristo pode alegar não possuir alguma tarefa espiritual a ser cumprida e o respectivo dom espiritual necessário para executá-la.
(cada um) – essa expressão indica que cada membro do corpo de Cristo, e não apenas uma classe de pessoas, recebe essa graça segundo a proporção do dom de Cristo. Em sua sabedoria Cristo reparte diferentes dons a diferentes membros. (Rm 12.3-8; 1 Cor 12.4). Este é um dos textos que ensinam e afirmam o sacerdócio universal dos crentes (1Pe 2.9-10).

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O sofrimento e a vocação missionária

O Dr. William Taylor, fez uma pesquisa e demonstrou que um em cada vinte missionários volta para casa a cada ano; destes que voltam, 71% o fazem por motivos evitáveis (TAYLOR, 1998 p.34). De acordo com essa mesma pesquisa o índice de perdas entre os missionários brasileiros é de 7% a cada ano. Esses dados foram coletados com vinte e duas agências enviadoras.

Diante desse quadro acredito que temos de investir em uma formação que dê ao obreiro que atuará em uma realidade multicultural a capacidade de perseverar. “Uma consulta sobre perdas de obreiros, realizada pela WET-MC, na Inglaterra em 1996, concluiu que o treinamento deve ser proporcionado tendo em vista preparar o aluno em termos culturais, mentais e espirituais na disciplina pessoal de lidar com estresse e frustrações, e a ter uma expectativa mais realista no campo” (ADIWARDANA, 1999. p. 35).

Creio que dentre todos os elementos que encontramos no ministério de Jesus, a perseverança seja um que tenha grande relevância em nossos dias. Principalmente de levarmos em consideração duas realidades: primeiro, a realidade de que o sofrimento faz parte da vida e vocação do cristão, e segundo, a realidade de que os últimos dias trarão perseguição sobre os cristãos.

a- O sofrimento faz parte da vida e vocação do cristão
“assim como Cristo sofreu, os que O seguem devem esperar sofrer. Sofrer como seguidor de Cristo implica em renunciar o direito pessoal a família, propriedades, fama e até mesmo da vida”. (ADIWARDANA. 1999. p.40).

O Senhor Jesus nunca escondeu de seus seguidores que a tarefa era difícil; encontramos algumas referências nas quais Jesus deixa claro que o sofrimento era uma expectativa real na vida de seus seguidores. Expressões usadas por Jesus, tais como “vos envio com ovelhas para o meio dos lobos; no mundo tereis aflições; quem quer ter a vida, deve perdê-la; tome a sua cruz e siga-me; o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” exemplificam que o chamado de Jesus envolve sofrimento. Sempre encontraremos exemplos bíblicos de como os primeiros cristãos desenvolveram este ensinamento de Jesus. É impressionante como eles continuaram fiéis, mesmo quando a perseguição aumentava, diria que principalmente quando estavam em meio a perseguições.

Atos nos relata que mesmo em meio a perseguição a igreja continuava a proclamação do evangelho. Eles preparados para suportar tudo por amor a Cristo. Entenderam o ensinamento de Jesus.

b- Os últimos dias trarão perseguição sobre os cristãos
Mateus 24.13, em meio ao contexto da palavra profética de Jesus, quanto ao que sucederia a Jerusalém e ao fim dos tempos, Jesus ensina a seus discípulos que eles deveriam ser perseverantes – “aquele que permanecer fiel até o fim será salvo”. No entanto, Jesus predisse que os últimos dias seriam difíceis, angustiosos, maléficos, mas que o evangelho deveria ser anunciado a todo o mundo (Mt 24.14). Apesar das dificuldades, ensina-nos Jesus, o evangelho deve ser anunciado.

Diante da realidade que temos hoje com o retorno precoce de missionários, com chegada do fim dos tempos, parece que vivemos os últimos dias, tempos que preparar nosso enviado para perseverar até o fim.

Responsabilidades da fé cristã para com as questões ecológicas nos dias atuais.


O fato de que Deus nos deu o domínio sobre a natureza, não quer dizer que ela seja nossa. O autêntico dono é Deus, o qual coloca todas as coisas em nossas mãos como empréstimo, uma espécie de depósito, não para que as exploremos, mas para que a utilizemos compreendendo que não é intrinsecamente nossa. O domínio do homem está sob o domínio de Deus.

Sempre que algo se torna autônomo, logo todo o significado desaparece. E isto é verdade no problema da ecologia. Quando a natureza se torna autônoma, seja pelo materialista ou pelo cristão, quando se desliga e se situa no lugar que não lhe pertence, imediatamente o homem devora a natureza. É isto que estamos vivendo hoje. O problema, então, não está na explosão demográfica – que pode ser controlada. O problema está na consideração filosófica do homem com respeito a natureza.

O assunto da ecologia nunca foi tratado a sério pela ala evangélica do nosso país. O que se discute é se a questão ambiental é uma preocupação legítima dos evangélicos. Se tomarmos o Salmo 104 como ponto de partida descobriremos que as Escrituras Sagradas ensinam que Deus é o criador de toda a natureza, do homem e de todo seu meio ambiente. Não aceitamos o postulado da Nova Era de que “tudo é Deus”. Com plena auto-consciência nós, seres humanos, especialmente nós, os remidos, podemos ver Deus em suas obras e glorificá-lo e podemos nos encaixar melhor nesse equilíbrio ecológico idealizado por Deus.

Num mundo altamente tecnológico é difícil compreender a expressão do verso 14 do salmo 104; “ ... o homem ... da terra tira o seu pão...” – nós vamos ao supermercado e compramos o pão sem nunca termos visto uma plantação de trigo. Mas também é difícil não ceder a tentação de limitar os v. 27-30 ao ser humano – os animais dependem da provisão divina e Deus lhes dispensa esse favor. O mar não existe somente para os nossos navios (v.26), é o mundo dos peixes “pequenos e grandes” (v.25). Respeito para com os animais, no caso, faz parte do meu dever como ser humano. Eu e eles dependemos totalmente do mesmo Deus.

O Antigo Testamento legislou a respeito, proibindo o sofrimento dos animais: destacamos o descanso semanal para os animais de acordo com o quarto mandamento: “...não farás nenhum trabalho... nem teu animal...”. A proibição quanto ao arar com um jumento e um boi (Dt 22.10), pois, por serem esses animais desiguais em tamanho e força física, tal jugo desigual seria crueldade. No mesmo capítulo de Deuteronômio a ave-mãe é protegida (v.6), e no capítulo 25 aparece a ordem. “Não atarás a boca ao boi que debulha” v.4. O final do livro de Jonas é conhecidíssimo por sua ênfase na compaixão de Deus pelos animais. Enfim diz o sábio “o justo, atenta para a vida dos seus animais” Pv 12.10.

Quanto a vida vegetal, a Lei proibia a destruição de árvores frutíferas: “Quando sitiarem uma cidade por muito tempo ... não destruirás seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele comerás pelo que não o cortarás; pois será a árvore do campo algum homem, para que fosse sitiada por ti?” Posteriormente alguns rabinos proibiram o “mudar o leito de um rio, para evitar que árvores se sequem, e para evitar a destruição de árvores frutíferas”. Daí se dizer que um judeu tinha a obrigação de plantar uma árvore por ano.

No Novo Testamento Jesus lembrou que Deus sustenta corvos e dá a beleza ao lírio (Lc 12.24,27).

Quanto a nós, o mandamento de Gn 1.28, “... sujeitai... dominai...” não nos dá o direito de fazer o que queremos com a natureza, explorando- a à vontade. Debaixo de Deus, como se fosse seu gerente, o ser humano é um mordomo a quem Deus confiou o mundo criado. Nós temos que administrar essa criação com responsabilidade e teremos que prestar contas a Deus de nossa mordomia.

Logo no início de sua administração o ser humano cedeu à tentação, desobedeceu ao seu Senhor, e o pecado passou a fazer parte da natureza humana. Porém as Escrituras Sagradas deixam bem claro que os efeitos desse pecado não se limitaram a esfera pessoal e espiritual. Foi uma queda cósmica: a terra foi “maldita”, “cardos e abrolhos” apareceram pela primeira vez (Gn 3.17-18), “na verdade a terra está contaminada por causa de seus moradores” (Is 24.5).

O ser humano caiu e precisa de redenção. A criação, em decorrência da queda do homem também precisa de redenção. A atual criação, mesmo em partes não poluídas, onde os peixes se multiplicam em águas cristalinas, onde a fumaça não encobre o céu, até essa criação está sujeita a vaidade, é cativa à corrupção (Rm 8.18-23). Isto é, aquele ciclo “nascimento, crescimento, morte, corrupção” que Jesus notou no caso “da erva que hoje existe e amanhã é lançada no forno” (Mt 6.30). O pregador lamenta a mesmice da criação, sua frustração, (Ec 1.4-9), pois de fato a natureza “geme” e “suporta angústias”.

O que fazer então? Aguardar a volta bendita de Cristo, quando Ele, em seu poder irá restaurar todas as coisas, achando que o mundo é assim mesmo, que a poluição tem que piorar, que as árvores, o ozônio até os índios vão acabar?

Espera-se do povo de Deus que aja ação. Afinal esse mundo físico também é do Senhor. Ele não pertence a satanás. “Com um só olhar para a terra Ele a faz tremer; toca as montanhas, e elas fumegam... se ocultas o Teu rosto, (todos) se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó” (Sl 104.29,32). Zelemos, portanto, do quintal de Deus, algumas atitudes podemos tomar:
Podemos começar pelo retorno à admiração pela natureza – como Jesus disse: “observai as aves do céus” (não as que estão presas em zoológicos); “vede os lírios do campo” (não os quintais cheios de cimento).
Deveremos olhar para o futuro. Como será o mundo físico que estamos legando aos nossos filhos e netos? Sobrará para eles um pedaço de mata atlântica? Beija-flor será para eles um pássaro do tempo da vovó?
Como igreja do Senhor devemos inculcar nas mentes de nossos filhos e dos adultos também, um amor verdadeiro, bíblico, para com a natureza, dádiva de Deus. Ensinar aos crentes um estilo de vida menos consumista, que gaste menos dos recursos esgotáveis do nosso planeta. Precisamos aprender na igreja a louvar o Deus Criador, como o hino 69 do hinário Salmos e Hinos nos incentiva. A letra é do mais famoso ecólogo cristão de todos os tempos, o medieval Francisco de Assis. Que haja criaturas e plantas para, ao lado dos remidos, louvarem a Deus nos anos vindouros! Como a evangelização de pessoas, assim a conservação da natureza ; Deus confiou a nós essa tarefa gloriosa, não para ser algo penoso, mas como expressão de louvor e gratidão a Ele.
“Vós, criaturas de Deus Pai...
Vós, Homens sábios e de bem...
A todos proclamai... Aleluia!
Ao Filho glória, gloria ao Pai,
E a Deus Espírito honra dai.
Oh, louvai-o!”
Antônio Rodrigues Siqueira

Quem sou eu

Minha foto
Uma pessoa apaixonada pelo saber...