domingo, 28 de abril de 2013

O MINISTÉRIO DE JESUS VISA SUPLANTAR A VINGANÇA E ÓDIO (Extraído de Plantando Igrejas Saudáveis)



A mensagem inaugural do ministério público de Jesus, numa sinagoga na Galiléia, era uma mensagem de libertação, do anúncio do “ano aceitável do Senhor”. O messias anunciado pelos profetas e esperado por Israel era um libertador. “as pessoas criam que o messias restabeleceria a dinastia de  Davi e libertaria o povo de toda opressão estrangeira,” (TROCMÉ,2004.p.13).
A quebra de expectativa gerada por Jesus se deu quando ele para seu discurso sem enunciar a frase seguinte que anunciaria ao dia da vingança.
Quando Jesus leu Is 61 na sinagoga a congregação provavelmente esperava que ele anunciasse vingança contra os inimigos, especialmente contra os romanos – uma vingança que seria um passo preliminar rumo à época de libertação (...)Eles estavam esperando ardentemente um sermão com impulso revolucionário e talvez as palavras iniciais de Jesus “hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” v.21 atiçou ainda mais essa expectativa. (BOSCH,2002.p,143).
Ford chama a nossa atenção para o fato de que a missão de Jesus, do ponto de vista de Lucas tem um aspecto que vem sendo negligenciado ao longo do tempo, que é o aspecto da pacificação, da retribuição não violenta ao mal, da futilidade e natureza autodestrutiva da vingança e do ódio.
Ao longo do evangelho Lucas detalha como essa atitude pacificadora de Jesus foi vivenciada. Lucas deixa claro que a missão de Jesus é de compaixão para com os pobres, marginalizados, até mesmo para o inimigo. “Ele é o ungido de Deus que anunciará um ano de favor tanto para os judeus quanto para os seus oponentes” (BOSCH, 2002.p,144).
A mensagem do messias suplanta a vingança e em episódios como a atitude de Jesus para com os samaritanos, em que Tiago e João pedem para descer fogo do céu, diante da recusa em dar hospedagem a Jesus é uma evidência de que Jesus não quer adotar sentimentos vingativos. Outro episódio relatado por Lucas que destaca essa atitude pacificadora de Jesus é encontrado no capítulo 13.1-5. Os ouvintes de Jesus esperam que ele exprima sua reprovação aos romanos, mas ao invés disso Jesus usa essa situação para chamá-los ao arrependimento no lugar do sentimento de vingança.  A própria atitude de Jesus diante de seus algozes ressalta o seu compromisso com a não violência. Seu comportamento nos eventos que ocorreram durante sua crucificação e morte ressalta a completa ausência do sentimento de vingança.
Sua oração, juntamente com a palavra de perdão dirigida aos criminosos da cruz (ambos relatados somente por Lucas), mostram que, mesmo ao sofrer a morte de um escravo e criminoso, Jesus voltou-se em amor e perdão para os marginalizados e inimigos, vivenciando assim, uma ética que era completamente contrária à ideologia militante tanto dos opressores quanto dos oprimidos. (FORD apud BOSCH 2002.p, 145-146).
Lucas está convencido de que o evangelho de Jesus é pacificador, que estimula o amor aos inimigos e o perdão. No reino de Cristo não há espaço para a vingança e o ódio.


quinta-feira, 11 de abril de 2013

AS CARACTERÍSTICAS DA MISSÃO DE JESUS (trecho extraído do livro "Plantação de Igrejas saudáveis: da teoria à prática." - Lançamento em breve


Para compreendermos essas convicções missionárias de Jesus, iremos abordar o texto de Mateus 9.35-38 como um referencial daquilo que Jesus nos deixou como modelo a seguir.

1. A MISSÃO DE JESUS É INCLUSIVA.
Pelo modelo de Jesus aprendemos que a missão é inclusiva. O Divino Mestre percorria todos os povoados, vilas e cidades. No contexto de Mateus, as cidades e povoados percorridos por Jesus são na Galiléia. Este fato é profundamente significativo, pois Galiléia era marginalizada pelos judeus do sul (Judéia), devido à miscigenação que ocorrera com o povo galileu. A Galiléia era chamada de “Galiléia dos gentios” e de lá era corrente dizer não havia nenhum profeta. Para uma ala do judaísmo Jonas não era considerado profeta, pela natureza do seu ministério. Era uma forma de ofensa discriminatória chamar alguém de Galileu.
Ao embrenhar por estes lugares, Jesus está dando um modelo de ação para a igreja. Esse modelo exige que tenhamos em mente um evangelho inclusivo, o que nos leva a entender um evangelho que chega de forma compreensível e acessível a qualquer nível da sociedade. A igreja não tem o direito de eleger aqueles que devem receber o evangelho. Não podemos fechar os olhos, fingir que não vemos aqueles que a sociedade insiste em fazer de conta que não existe.
O evangelho não é para uma elite ou para um grupo especial, mas deve ser anunciado em todos os lugares. O homem, não importando sua condição social, moral ou intelectual, é alvo do evangelho. Portanto, onde existe humanidade ali está um campo missionário. Temos então de ir onde o ser humano está.

2. A MISSÃO DE JESUS É PERCEPTIVA.
O modelo missionário aplicado por Jesus é também perceptivo. Sempre encontramos relatos da capacidade de Jesus para conhecer e compreender a realidade das pessoas. No texto de Mateus 9 o evangelista fala que Jesus viu a multidão e se compadeceu dela. Esta idéia de compaixão é muito forte e denota a capacidade de compreender a extensão da dor e do sofrimento de alguém. Compaixão tem a ver com algo que sentimos no mais profundo do nosso íntimo.
É muito importante essa habilidade de “ver” para o desenvolvimento de um ministério efetivo. O “ver” revela como devemos agir. O “ver” gera atitude. No caso de Jesus ele viu e se compadeceu. A insensibilidade é resultado de vermos e não sentirmos compaixão. Se não somos sensíveis, nossas atitudes serão de desprezo, rejeição, inação e repelência.
Como igreja nós somos ensinados nesse modelo de Jesus: envolvermos movidos pela percepção da realidade humana. O que Jesus viu naquela multidão foi descrito por Mateus em três estágios:
Primeiro eram os aflitos. Note que a palavra sugere alguém muito machucado e que, devido aos ferimentos, está agonizando de dor. O que Jesus vê é uma multidão que agoniza diante de tanto sofrimento e pecado. Os traumas causados pela queda estão ardendo e a dor é tão grande que essas pessoas expressam em seus semblantes a dor. Estão com a alma doída.
Segundo, eram os exaustos. As pessoas que Jesus vê estão machucadas e a beira da morte. O melhor exemplo de exaustão que encontramos na Bíblia, talvez seja o do homem que foi assaltado e deixado semimorto na margem do caminho, na parábola do bom samaritano.
Terceiro, eles eram como ovelhas que não tem pastor. Essa é uma expressão de cunho político (Nm 27.15-17; I Rs 22.17). Deus levantou líderes para guiar Israel, para que as ovelhas do seu rebanho não ficassem sem pastor. Jesus está denunciando o descaso das autoridades, que abandonaram o povo à própria sorte.
A percepção de Jesus é ampla, ou seja, não é restrita a algumas áreas da vida do homem. Como igreja do Senhor Jesus nós precisamos aprender a perceber a realidade do homem e da sociedade que nos cerca. Sem essa percepção não teremos condições de amar e ajudar  essas pessoas porque nos faltará o princípio básico que é o de compreender a verdadeira realidade do ser humano.

3. A MISSÃO DE JESUS É ENVOLVENTE.
No texto de Mateus 9, após perceber a realidade do homem, Jesus convida seus discípulos para que vejam a mesma realidade. O convite é para que se veja a seara. A seara é toda a realidade do homem. O convite de Jesus é para que vejamos o homem em sua miséria e desconforto, situações produzidas pelo pecado que o escraviza.
A fórmula como Jesus determina para que possamos nos inteirar desta realidade é orar. Ninguém pode orar por uma causa a não ser que esteja envolvido com ela. E ninguém pode estar envolvido com uma causa sem orar por ela.  Aqueles que oram são os mesmos que são enviados. Comumente oramos para que Deus levante e envie pessoas, mas nem sempre estamos conscientes de que para orar é preciso estar envolvido. Quem ora já está comprometido.

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