segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Chamado Missionário (Parte II)


II- O chamado no Novo Testamento.

O Novo Testamento corroba aquilo que o velho define sobre o chamado, ou seja Deus continua  chamando as pessoas  que Ele quer chamar para a realização de seus propósitos salvíficos.

O Novo Testamento talvez amplie alguns princípios já elaborados no Velho Testamento. O chamado de Jesus aos seus discípulos é no sentido de “fazer uma chamada imperiosa a um indivíduo, ou a um grupo existente e mais ou menos definido como os discípulos``.[1] Isto nos ajuda a compreender a idéia do chamado específico. O chamado não é entendido por Jesus como um fim em si mesmo, mas como o meio de realizar os propósitos de Deus entre os homens.

Um outro aspecto interessante e que precisa ser analisado é que o chamado está sempre vinculado à Igreja. O Novo Testamento não abre possibilidade para o auto-chamamento. A igreja é que  concede o aval do chamado, em At 13:1-3 ocorre exatamente isto. O Espírito Santo separa a Barnabé e a Saulo e a igreja avaliza este chamado, impondo as mãos, abençoando e enviando estes irmãos.

         C) O chamado na visão de Paulo.

Eleição e vocação são dois aspectos inseparáveis na visão de Paulo. Ele entende a vocação “ como sendo o processo através do qual  Deus chama aqueles que já elegeu e nomeou, para saírem da escravidão deste mundo afim de que Ele os justifique e os santifique, trazendo-os ao serviço d´Ele``[2] (Rm 8:29-30).

A vocação sempre vem de Deus e Ele tem sempre um propósito quando vocaciona alguém. É assim que Paulo descreve o seu chamado para ser  apóstolo. Quando ele se declara ‘chamado para ser apóstolo` está ressaltando o fato de que deve a sua posição de apóstolo a uma vocação especial da parte de Deus.

II - O CHAMADO MISSIONÁRIO EM NOSSOS DIAS.

Existe muita dúvida sobre aquilo que chamamos de vocação missionária. Nem sempre aparece um anjo trajando roupas verde-limão , nem sempre acontece aquilo que a Bíblia preconiza como modelo.

Na tentativa de  esclarecer um pouco este assunto o Pr. Oswaldo Prado em seu livro Do Chamado ao Campo nos apresenta alguns modelos.*

A) O modelo de Pedro ( Mt 4:18-19 )

Aquele mais clássico de todos, em que a pessoa sente um impulso de deixar tudo o que está fazendo e se envolve com a obra missionária, geralmente de tempo integral.

Este modelo é o mais comum na história da igreja e talvez por  isso é o mais aceitável pela maioria dos líderes evangélicos. Com certeza grande parte dos missionários de hoje trazem consigo este perfil.

B) O modelo de Paulo.

O modelo do chamado de Paulo é bem diferente  daquele que foi usado para definir grupo apostólico.

Diferente dos Pedros  os Paulos resistem muito para  seguir a Jesus, mas quando o fazem, se tornam exemplos de dedicação e testemunho no serviço missionário.

C) O modelo Profissional

O mundo está se fechando para o trabalho missionário. Existem três grandes blocos religiosos no mundo, o islamismo, o hinduísmo e o budismo, e nestes blocos as portas para a entrada  de missionários no estilo de Pedro, estão quase que totalmente fechadas.

Precisamos incentivar os vocacionados para missões a buscar uma formação universitária, pelo menos técnica, antes de serem enviados ao campo. Isto seria de uma relevância tremenda para o desenvolvimento de uma estratégia missionária, especialmente junto aos países mais resistentes.

A igreja que deseja envolver seus membros em missões precisa estar atenta para este modelo. Chegamos ao momento em que não basta  uma boa formação teológica.

A igreja missionária deve estar aberta para nos próximos anos enviar alguns de seus melhores profissionais para pregarem o evangelho em lugares estratégicos do mundo.

D) O modelo do não chamado.

Esta é uma forma não usual de chamado, mas que permanece em nossos dias. São aqueles que  reconhecem sua vocação missionária sem, no entanto terem necessariamente passado por uma experiência  clara de chamado.

Um exemplo deste modelo de chamado é o do Dr.Dick Hills fundador da Overseas Crusades International (Sepal no Brasil) e 18 anos como missionário na china, ele diz: “Eu nunca fui chamado para a china ... Deus me deu  o dom de ensino``. Sua visão de ministério estava firmada na seguinte convicção:” seu chamado é aquilo que você tem que ser, e que é determinado por seu dom. seu chamado nunca muda: sua direção pode mudar. Se você está preocupado quanto ao seu chamado, é tempo de se preocupar com o seu dom``.

Sempre é bom lembrar que Deus trabalha de maneira incomum e precisamos estar abertos para as surpresas que Ele nos proporciona.


[1] BROWN,Collin, O Novo dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1981
[2] Idem

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