quinta-feira, 10 de julho de 2008

O sofrimento e a vocação missionária

O Dr. William Taylor, fez uma pesquisa e demonstrou que um em cada vinte missionários volta para casa a cada ano; destes que voltam, 71% o fazem por motivos evitáveis (TAYLOR, 1998 p.34). De acordo com essa mesma pesquisa o índice de perdas entre os missionários brasileiros é de 7% a cada ano. Esses dados foram coletados com vinte e duas agências enviadoras.

Diante desse quadro acredito que temos de investir em uma formação que dê ao obreiro que atuará em uma realidade multicultural a capacidade de perseverar. “Uma consulta sobre perdas de obreiros, realizada pela WET-MC, na Inglaterra em 1996, concluiu que o treinamento deve ser proporcionado tendo em vista preparar o aluno em termos culturais, mentais e espirituais na disciplina pessoal de lidar com estresse e frustrações, e a ter uma expectativa mais realista no campo” (ADIWARDANA, 1999. p. 35).

Creio que dentre todos os elementos que encontramos no ministério de Jesus, a perseverança seja um que tenha grande relevância em nossos dias. Principalmente de levarmos em consideração duas realidades: primeiro, a realidade de que o sofrimento faz parte da vida e vocação do cristão, e segundo, a realidade de que os últimos dias trarão perseguição sobre os cristãos.

a- O sofrimento faz parte da vida e vocação do cristão
“assim como Cristo sofreu, os que O seguem devem esperar sofrer. Sofrer como seguidor de Cristo implica em renunciar o direito pessoal a família, propriedades, fama e até mesmo da vida”. (ADIWARDANA. 1999. p.40).

O Senhor Jesus nunca escondeu de seus seguidores que a tarefa era difícil; encontramos algumas referências nas quais Jesus deixa claro que o sofrimento era uma expectativa real na vida de seus seguidores. Expressões usadas por Jesus, tais como “vos envio com ovelhas para o meio dos lobos; no mundo tereis aflições; quem quer ter a vida, deve perdê-la; tome a sua cruz e siga-me; o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” exemplificam que o chamado de Jesus envolve sofrimento. Sempre encontraremos exemplos bíblicos de como os primeiros cristãos desenvolveram este ensinamento de Jesus. É impressionante como eles continuaram fiéis, mesmo quando a perseguição aumentava, diria que principalmente quando estavam em meio a perseguições.

Atos nos relata que mesmo em meio a perseguição a igreja continuava a proclamação do evangelho. Eles preparados para suportar tudo por amor a Cristo. Entenderam o ensinamento de Jesus.

b- Os últimos dias trarão perseguição sobre os cristãos
Mateus 24.13, em meio ao contexto da palavra profética de Jesus, quanto ao que sucederia a Jerusalém e ao fim dos tempos, Jesus ensina a seus discípulos que eles deveriam ser perseverantes – “aquele que permanecer fiel até o fim será salvo”. No entanto, Jesus predisse que os últimos dias seriam difíceis, angustiosos, maléficos, mas que o evangelho deveria ser anunciado a todo o mundo (Mt 24.14). Apesar das dificuldades, ensina-nos Jesus, o evangelho deve ser anunciado.

Diante da realidade que temos hoje com o retorno precoce de missionários, com chegada do fim dos tempos, parece que vivemos os últimos dias, tempos que preparar nosso enviado para perseverar até o fim.

Responsabilidades da fé cristã para com as questões ecológicas nos dias atuais.


O fato de que Deus nos deu o domínio sobre a natureza, não quer dizer que ela seja nossa. O autêntico dono é Deus, o qual coloca todas as coisas em nossas mãos como empréstimo, uma espécie de depósito, não para que as exploremos, mas para que a utilizemos compreendendo que não é intrinsecamente nossa. O domínio do homem está sob o domínio de Deus.

Sempre que algo se torna autônomo, logo todo o significado desaparece. E isto é verdade no problema da ecologia. Quando a natureza se torna autônoma, seja pelo materialista ou pelo cristão, quando se desliga e se situa no lugar que não lhe pertence, imediatamente o homem devora a natureza. É isto que estamos vivendo hoje. O problema, então, não está na explosão demográfica – que pode ser controlada. O problema está na consideração filosófica do homem com respeito a natureza.

O assunto da ecologia nunca foi tratado a sério pela ala evangélica do nosso país. O que se discute é se a questão ambiental é uma preocupação legítima dos evangélicos. Se tomarmos o Salmo 104 como ponto de partida descobriremos que as Escrituras Sagradas ensinam que Deus é o criador de toda a natureza, do homem e de todo seu meio ambiente. Não aceitamos o postulado da Nova Era de que “tudo é Deus”. Com plena auto-consciência nós, seres humanos, especialmente nós, os remidos, podemos ver Deus em suas obras e glorificá-lo e podemos nos encaixar melhor nesse equilíbrio ecológico idealizado por Deus.

Num mundo altamente tecnológico é difícil compreender a expressão do verso 14 do salmo 104; “ ... o homem ... da terra tira o seu pão...” – nós vamos ao supermercado e compramos o pão sem nunca termos visto uma plantação de trigo. Mas também é difícil não ceder a tentação de limitar os v. 27-30 ao ser humano – os animais dependem da provisão divina e Deus lhes dispensa esse favor. O mar não existe somente para os nossos navios (v.26), é o mundo dos peixes “pequenos e grandes” (v.25). Respeito para com os animais, no caso, faz parte do meu dever como ser humano. Eu e eles dependemos totalmente do mesmo Deus.

O Antigo Testamento legislou a respeito, proibindo o sofrimento dos animais: destacamos o descanso semanal para os animais de acordo com o quarto mandamento: “...não farás nenhum trabalho... nem teu animal...”. A proibição quanto ao arar com um jumento e um boi (Dt 22.10), pois, por serem esses animais desiguais em tamanho e força física, tal jugo desigual seria crueldade. No mesmo capítulo de Deuteronômio a ave-mãe é protegida (v.6), e no capítulo 25 aparece a ordem. “Não atarás a boca ao boi que debulha” v.4. O final do livro de Jonas é conhecidíssimo por sua ênfase na compaixão de Deus pelos animais. Enfim diz o sábio “o justo, atenta para a vida dos seus animais” Pv 12.10.

Quanto a vida vegetal, a Lei proibia a destruição de árvores frutíferas: “Quando sitiarem uma cidade por muito tempo ... não destruirás seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele comerás pelo que não o cortarás; pois será a árvore do campo algum homem, para que fosse sitiada por ti?” Posteriormente alguns rabinos proibiram o “mudar o leito de um rio, para evitar que árvores se sequem, e para evitar a destruição de árvores frutíferas”. Daí se dizer que um judeu tinha a obrigação de plantar uma árvore por ano.

No Novo Testamento Jesus lembrou que Deus sustenta corvos e dá a beleza ao lírio (Lc 12.24,27).

Quanto a nós, o mandamento de Gn 1.28, “... sujeitai... dominai...” não nos dá o direito de fazer o que queremos com a natureza, explorando- a à vontade. Debaixo de Deus, como se fosse seu gerente, o ser humano é um mordomo a quem Deus confiou o mundo criado. Nós temos que administrar essa criação com responsabilidade e teremos que prestar contas a Deus de nossa mordomia.

Logo no início de sua administração o ser humano cedeu à tentação, desobedeceu ao seu Senhor, e o pecado passou a fazer parte da natureza humana. Porém as Escrituras Sagradas deixam bem claro que os efeitos desse pecado não se limitaram a esfera pessoal e espiritual. Foi uma queda cósmica: a terra foi “maldita”, “cardos e abrolhos” apareceram pela primeira vez (Gn 3.17-18), “na verdade a terra está contaminada por causa de seus moradores” (Is 24.5).

O ser humano caiu e precisa de redenção. A criação, em decorrência da queda do homem também precisa de redenção. A atual criação, mesmo em partes não poluídas, onde os peixes se multiplicam em águas cristalinas, onde a fumaça não encobre o céu, até essa criação está sujeita a vaidade, é cativa à corrupção (Rm 8.18-23). Isto é, aquele ciclo “nascimento, crescimento, morte, corrupção” que Jesus notou no caso “da erva que hoje existe e amanhã é lançada no forno” (Mt 6.30). O pregador lamenta a mesmice da criação, sua frustração, (Ec 1.4-9), pois de fato a natureza “geme” e “suporta angústias”.

O que fazer então? Aguardar a volta bendita de Cristo, quando Ele, em seu poder irá restaurar todas as coisas, achando que o mundo é assim mesmo, que a poluição tem que piorar, que as árvores, o ozônio até os índios vão acabar?

Espera-se do povo de Deus que aja ação. Afinal esse mundo físico também é do Senhor. Ele não pertence a satanás. “Com um só olhar para a terra Ele a faz tremer; toca as montanhas, e elas fumegam... se ocultas o Teu rosto, (todos) se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó” (Sl 104.29,32). Zelemos, portanto, do quintal de Deus, algumas atitudes podemos tomar:
Podemos começar pelo retorno à admiração pela natureza – como Jesus disse: “observai as aves do céus” (não as que estão presas em zoológicos); “vede os lírios do campo” (não os quintais cheios de cimento).
Deveremos olhar para o futuro. Como será o mundo físico que estamos legando aos nossos filhos e netos? Sobrará para eles um pedaço de mata atlântica? Beija-flor será para eles um pássaro do tempo da vovó?
Como igreja do Senhor devemos inculcar nas mentes de nossos filhos e dos adultos também, um amor verdadeiro, bíblico, para com a natureza, dádiva de Deus. Ensinar aos crentes um estilo de vida menos consumista, que gaste menos dos recursos esgotáveis do nosso planeta. Precisamos aprender na igreja a louvar o Deus Criador, como o hino 69 do hinário Salmos e Hinos nos incentiva. A letra é do mais famoso ecólogo cristão de todos os tempos, o medieval Francisco de Assis. Que haja criaturas e plantas para, ao lado dos remidos, louvarem a Deus nos anos vindouros! Como a evangelização de pessoas, assim a conservação da natureza ; Deus confiou a nós essa tarefa gloriosa, não para ser algo penoso, mas como expressão de louvor e gratidão a Ele.
“Vós, criaturas de Deus Pai...
Vós, Homens sábios e de bem...
A todos proclamai... Aleluia!
Ao Filho glória, gloria ao Pai,
E a Deus Espírito honra dai.
Oh, louvai-o!”
Antônio Rodrigues Siqueira

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