quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Chamado Missionário - parte 01

I- CHAMADO MISSIONÁRIO

De certa forma todos nós como cristãos somos chamados para cumprir a missão. Todos nós somos chamados para executar a tarefa da evangelização, uma vez que a grande comissão é dada a todos os discípulos de Jesus. Quanto a isso não há nenhuma dúvida. Timóteo Carriker faz a seguinte afirmação:

“ Quando se fala em ‘missões` um dos problemas mais complexos, um verdadeiro quebra-cabeças para os jovens que estão considerando um ministério transcultural é a questão de um chamamento missionário``[1]

Nossa intenção neste momento não é esgotar o assunto, mas servir de facilitador, neste assunto que é tão complexo e ao mesmo tempo desafiador. Buscaremos uma compreensão bíblica do que seria um chamado missionário, e também nos preocuparemos em analisar alguns aspectos práticos deste chamado em nossos dias.

I - CONSIDERAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O CHAMADO

A) O chamado no Velho Testamento.

O verbo ‘kaleo`- chamar é usado no Velho Testamento com vários sentidos. É usado para dar nomes a coisas, como em Gn 1:5, para nomear pessoas (Gn 25:26), cidades (2 Sm 5:9) e até mesmo para qualificar coisas ( Is 35:8).

É também o verbo usado para descrever o chamamento da parte de pessoas de posição superior aos seus subordinados. Neste caso o chamado assume a forma de ordem e não meramente um convite (Jó 13:22). Esta modalidade de chamada espera que os homens ouçam e obedeçam.

O chamado no Velho Testamento em geral responde a quatro princípios gerais.

1-Aquele que está sendo chamado precisa ter uma compreensão exata de que o chamado que recebeu vem da parte de Deus;

Nem sempre a pessoa está preparada para receber um chamado. A experiência de Samuel ( 1 Sm3:1-10), nos revela que nem sempre se tem compreensão do que está acontecendo. Mesmo estando vivendo dentro do santuário, aprendendo aos pés de Eli, Samuel teve dificuldades de saber quem na verdade falava com ele. O que demonstra que nem sempre estamos preparados para entender o chamado de Deus.

2- O chamado pode ser inicialmente recusado;

Temos dois casos que exemplificam este princípio. Um deles é Abraão. Segundo At 7:2-3, Abraão é chamado em Ur dos Caldeus mas resiste a este chamamento até a morte de seu pai em Harã, quando não resistiu mais ao chamamento de Deus. (Gn 12:1-4).

Jonas é o outro exemplo, quando é chamado por Deus para ir a Nínive, recusou veementemente a este chamado, partindo para o lugar mais longínquo do mundo antigo, tentando assim resistir ao chamamento de Deus.

3- Aqueles que são chamados quase sempre se sentem incapazes para tal tarefa;

Moisés e Jeremias exemplificam este princípio. Quando Moisés foi chamado por Deus para voltar ao Egito e libertar seus irmãos da escravidão e conduzi-los à terra prometida, a sua resposta foi a alegação de que ele se considerava inapto para tal tarefa.

Jeremias diante da Palavra do Senhor de que ele havia sido designado profeta as nações, antes mesmo do seu nascimento, reage com o mesmo argumento de Moisés.

Este sentimento de incapacidade é relevante, pois revelam que as pessoas envolvidas no chamamento tem consciência do que significa ser chamado por Deus.

“ Deus é que declara alguém profeta, e a igreja reconhece, concorda e usufrui deste ministério. Quem a si mesmo se declara profeta, em geral não o é.`` [2]

4- O chamado é definido por seu conteúdo e forma.

Este grupo de palavras (Kaleo e seus derivados) não ocorre em todas as narrativas de chamado (Jz 6:13; Is 6:1-8) talvez porque o chamamento não se caracteriza por uma forma gráfica.

“Deus fala ao homem a quem, por seu conhecimento prévio, deseja incumbir de uma tarefa, que pode ser política ou profética (Is 48:14-15) e pode ser definida imediatamente ou mais tarde.``[3]

O chamado é o meio pelo qual Deus transforma homens sem nenhuma capacidade em instrumentos de sua vontade.

“Nunca podemos nos esquecer que a vocação nada mais é que um momento histórico em que se concretiza algo que já aconteceu no coração de Deus antes da fundação do mundo.``[4]



[1] CARRIKER,Timóteo. Missões e a Igreja Brasileira – Volume Um. . Mundo Cristão, 1993

[2] KERR, Guilherme. Liderança pastoral, Sepal

[3] BROWN,Collin. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Ed. Vida Nova, 1981

[4] PRADO,Oswaldo. Do Chamado ao Campo. Editora Sepal, 2000

sábado, 16 de julho de 2011

OS PROFETAS FALAM HOJE

A Natureza da profecia no Antigo Testamento

Nos dias atuais enfrentamos uma dificuldade em compreender o papel e a natureza da profecia e do profeta. Muito devido à má interpretação que alguns fazem das palavras de Paulo no Novo Testamento sobre o dom de profecia. Em geral se pensa na profecia e no profeta apenas em termo de predição.

Os profetas no Antigo Testamento são descritos de várias maneiras em razão do seu ministério e chamado. Segundo o dicionário Unger;

De acordo com 1 Samuel 9.9, o profeta era conhecido inicialmente em Israel como “ro’eh” , um vidente; outra designação dada ao profeta de uma etimologia similar era “hozer” (2 Samuel 24.11) – aquele que vê o sobrenatural; mais tarde o profeta em Israel era mais comumente reconhecido como “nabhi” – aquele que é chamado por Deus para anunciar. É este termo que constrói a idéia de que o profeta é um recipiente passivo de uma mensagem manifesta em seu contexto e linguagem. Sendo assim o profeta é aquele que anuncia a mensagem que lhe foi dada por Deus.

A palavra hebraica ayb]n* (nabhi) traz em si a idéia de “porta-voz autorizado” e é usada em três passagens do Antigo testamento: (1) Êxodo 6.28-7.2, quando Moisés se esquivou de falar ao faraó, Deus designou Arão para ser o profeta de Moises, i.e seu porta voz autorizado, uma pessoa falando em lugar da outra; (2) Números 12.1-8, quando Miriam e Arão, talvez por ciúmes ou por preconceito com a esposa de Moises, murmuram porque queriam substituir Moises com mediador da revelação de Deus (v.2). Deus intervém para demonstrar que Ele só falaria diretamente com Moisés. A implicação deste fato para o significado do termo profeta é que o verdadeiro profeta é aquele que fala de Deus para o homem; (3) Deuteronômio 18.9-22, antes da morte de Moises, temos uma declaração formal do ofício de “nabhi”. Estes versos deixam claro que o profeta é aquele que Deus tem se revelado a ele.

Segundo (ARCHER, 1986) uma profecia é uma revelação oral ou escrita, em palavras humanas e através de um porta-voz humano, transmitindo a revelação de Deus e esclarecendo aos homens sua divina vontade.

O Ofício do profeta no Antigo Testamento

A ação do profeta no Antigo Testamento não era apenas preditiva, como observamos nos dias de hoje. O profeta é acima de tudo uma pessoa que foi chamada por Deus, um vocacionado. Para (ARCHER, 1986):

Segundo esta interpretação, o profeta não deveria ser considerado o profissional que se nomeou a si mesmo, cujo o propósito seria persuadir as pessoas a aceitar opiniões da sua própria lavra; pelo contrário, seria a pessoa chamada por Deus para proclamar, como arauto da corte dos Céus a mensagem a ser transmitida de Deus para os homens.

Nas épocas mais remotas da vida de Israel, o oficio da profecia era dos levitas que tinham a responsabilidade de ensinar os preceitos e implicações da lei de Deus ao povo. Situação essa que aparece nos conceitos do Novo Testamento. Os profetas, conforme (BROWN, 1989) na adoração em Corinto tinham no culto a tarefa de exortar (1 Co 14.3, 24-25, 31), de consolar (1 Co 14.3) e de edificar a igreja (1 Co 14.3), bem como de comunicar o conhecimento e os mistérios (1 Co 13.2).

A função da profecia no Antigo Testamento

Como um agente ou porta voz de Deus, os profetas prioritariamente eram responsáveis por transmitir a mensagem de Deus para o povo de Deus em seu contexto histórico. Neste processo de proclamar a mensagem de Deus, em muitas ocasiões os profetas revelam o que ainda estava por vir, mas ao contrario do que a maioria das pessoas em geral imaginam, esta atividade preditiva era uma pequena parte do ministério profético.

O ministério profético envolvia discernir a vontade de Deus; tinha uma característica exortativa, chamando os homens à obediência. Por outro lado, o discernimento da vontade de Deus implica em revelar o plano de Deus; sendo assim a profecia era também nesse sentido, preditiva, encorajando o justo a examinar as promessas de Deus ou enfrentar o juízo de Deus.

Sendo assim, o profeta é a pessoa chamada por Deus, que recebeu a mensagem de Deus e a proclama por meio oral, ilustrativa ou escrita. Por essa razão os profetas são reconhecidos pela expressão: “assim diz o Senhor”.

Os profetas são reconhecidos por três funções básicas no Antigo Testamento;

Primeiro, eles eram reconhecidos como pregadores. Eles expunham e interpretavam a lei de Moisés. Eles tinham a responsabilidade de admoestar, reprovar, denunciar o pecado, chamar ao arrependimento e trazer consolação.

Segundo, eles eram reconhecidos como previdentes. Nesse sentido, cabia ao profeta encorajar Israel quanto às coisas futuras. Eles anunciavam a vinda do juízo de Deus, a libertação e eventos relacionados ao Messias. Predizer o futuro não era uma mera intenção de satisfazer a curiosidade humana, mas expressar que Deus tem o conhecimento e o controle do futuro do seu povo.

Terceiro, eles eram como vigias da nação de Israel. (Ez 3.17) Ezequiel se colocou como vigia de Sião anunciando contra a apostasia. Ele advertia a Israel contra as alianças políticas e militares com os estrangeiros, contra a tentação de se envolver com a idolatria e religião cananita e ainda, advertia sobre o perigo de introduzir excessiva confiança na religião formal e nos ritos sacrificais.

Os profetas exerciam um papel fundamental no sistema religioso de Israel, indicando para a nação as possíveis violações da lei de Moisés.

A relevância dos profetas nos dias de hoje – os profetas ainda falam hoje.

Os pregadores usam com muita insistência em suas pregações o Novo Testamento, em especial os escritos de Paulo. Em virtude disso pouco se explora a mensagem dos profetas. A mensagem dos profetas pode ser usada em pelo menos três áreas no desenvolvimento da vida cristã e ministerial nos dias de hoje.

Primeiro, podemos usar a mensagem dos profetas para encorajar o povo de Deus a confiar na graça de Deus. Assim como os profetas encorajavam Israel a confiar na ação poderosa da graça de Deus para libertar e salvar, hoje podemos fazer o mesmo.

Segundo, podemos usar a mensagem dos profetas para nos lembrar de que a fidelidade à aliança com Deus traz segurança e bem aventurança ao povo fiel.

Terceiro, a mensagem dos profetas deve ser usada para nos advertir quanto às coisas futuras, nossa esperança.

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