Isaías, cujo nome significa “O Senhor deu salvação”, era filho de Amoz (1.1), o que o distinguia dos demais “Isaías” de seu tempo. A teoria de que Isaías era primo de Uzias, tem sido considerada pelos estudiosos modernos como sendo mera conjectura.
Sabemos que ele
era casado e teve pelo menos dois filhos (7.3; 8.3, 18). Seu ministério
começou, provavelmente nos anos finais do reinado de Uzias,(740 a.C) passando
pelos reinados de Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés (696 – 642 a.C).
O ministério de Isaías, portanto, estendeu-se
por um período de pelo menos quarenta anos, (740 – 701 a.C) e talvez mais, já
que Ezequias não morreu antes de 687 a.C e é duvidoso que o co-regente Manassés
ousasse martirizar Isaías com Ezequias ainda vivo. (McKENNA 1999, p. 300)
Isaías era um
profeta urbano, vivia em Jerusalém (7.3; 22.15; 28.14; 37.2), e podemos inferir
que possuía a nobreza por descendência, o que lhe dava certa influência na casa
real. Referências como 7.3ss na qual ele enfrenta o rei Acaz e a grande
influência que o profeta teve no reinado de Ezequias (36 – 39) são em geral
argumento usados para sustentar essa teoria de que Isaías tinha proximidade com
a casa real. Além disso, 2 Crônicas 26.22, diz que Isaías era o responsável
pela redação dos atos do rei Uzias, o que o coloca como sendo o escriba
responsável pela “crônica oficial daquele
rei.” (McKENNA 1999, p. 302) .
Isaías era um
homem do seu tempo e por seu grande conhecimento, era também um homem que
enxergava além do seu tempo. O profeta sempre esteve atento aos movimentos de
sua sociedade, sabia interpretar os acontecimentos sócio-políticos e se
pronunciava a respeito deles. Sua profecia era contextualizada e ao mesmo tempo
traz o traço da predição. A proximidade de Isaías com a casa real, certamente
contribuiu para que ele adquirisse essa cosmovisão. “A percepção de como o Deus soberano emprega as nações para levar as
bênçãos e os julgamentos decorrentes da aliança foi uma das contribuições
profundas de Isaías para Israel compreender seu lugar no programa de Deus na
história.” (McKENNA 1999,
p.302)
A sua “pregação foi governada pelo tema de que só o
Senhor é que salva, enquanto todos os esforços humanos se demonstram ser vãos”
(RIDDERBOS, 1986, p.10). Isaías trata da salvação como resultado da graça
de Deus, “Isaías expõe a doutrina de
Cristo com tantos detalhes que, com razão, tem sido chamado de ‘o profeta
evangélico’. Acham-se introspecções cristológicas mais profundas em sua obra do
que em qualquer outra parte do Antigo Testamento.” (ARCHER 1986, p. 259)
Isaías é
reconhecidamente o maior entre os profetas. Segundo Ridderbos (1986, p.10) ele
“exibe uma dignidade real mediante
intrepidez de sua ação pública, a majestade de sua presença, a força nobre e a
beleza poética de suas palavras.”
De acordo com a tradição judaica, Isaías sofreu
martírio no governo de Manassés. Segundo essa tradição o profeta Isaías teria
sido morto cortado ao meio. Associar Hebreus 11.37 com a possível morte de Isaías,
serrado ao meio, exige um grande esforço hermenêutico, uma vez que a o único
fator de sustentação dessa interpretação seja a citação de uma tradição, que
nem sempre é digna de confiança.