sábado, 10 de junho de 2017

Existem circunstâncias que justificam o pecado ou o que existe são corações predispostos ao erro?

Desde o episódio da queda o ser humano se especializou em dar desculpas para dar vazão aos seus sentimentos e atitudes erradas. Encontrar culpados para as ações pecaminosas tornou-se nossa habilidade. É difícil encontrar alguém de imediato assuma a sua culpa ou responsabilidade, quase sempre somos tomados pelo sentimento de Adão, que é o de transferir a responsabilidade para alguém, ou alguma coisa.
Basta fazermos um paralelo entre a história de Jesus e a de Adão para compreendermos essa tendência humana.  Adão vivia num paraíso, cercado de belezas naturais indizíveis, em plena harmonia com o meio ambiente, com todas as suas necessidades básicas supridas, acompanhado de sua esposa, em perfeita e absoluta comunhão com Deus, e pecou. Embora as circunstâncias lhe fossem favoráveis, Adão não conseguiu manter a pureza de seu coração.
Por outro lado, Jesus esteve por quarenta dias no deserto, um ambiente hostil, inapropriado para a vivência do homem, sozinho, sem o suprimento de suas necessidades mais básicas, mas não pecou. Embora as circunstâncias fossem desfavoráveis, Jesus manteve puro o seu coração diante das investidas de satanás. Lembre-se que as ofertas para Jesus foram superiores à aquelas feitas a Adão.
A grande lição deste paralelo é que a prática do pecado não está relacionada ao momento que vivemos. Não podemos justificar nosso erro criando argumentos sociológicos, psicológicos, políticos ou religiosos. 
Davi, considerado homem segundo o coração de Deus, teve o seu momento de “Adão”. As circunstâncias da vida de Davi tinham sido bem piores em tempos anteriores, quando ele era perseguido por Saul, teve que peregrinar por terras inimigas, se fingir de louco para não morrer, sem contar das lanças que teve que desviar, que eram lançadas de um rei louco, louco pelo poder. Nesse tempo a Bíblia não relata nenhum grande delito de Davi. Quando finalmente assume o reinado, realiza grandes conquistas, se solidifica como rei e a vida lhe parece sob controle, ele comete o maior desatino de sua história e a partir dali sua vida, seu reino, nunca mais foram os mesmos.
Esse comportamento humano tem dois objetivos imediatos em vista. Primeiro é uma tentativa de fugir da responsabilidade pelo ato, uma forma de não assumir que se cometeu um erro e, portanto, é passível de correção. Segundo, quase como uma conseqüência, é a transferência de responsabilidade. Quando não podemos negar a responsabilidade, podemos transferir, ou seja, insinuar que na verdade não queríamos cometer tal desatino, mas fomos forçados pelas circunstâncias. Senso assim na verdade não somos culpados, mas sim vítimas de uma situação.
Provérbios nos ensina que de tudo quanto devemos guardar, guardemos no nosso coração, pois é dele que procedem os desígnios. Jesus nos adverte que o que nos contamina não é o que está externo, mas o que procede do coração. (Mateus 15.18-20). O profeta Jeremias nos avisa de que o nosso coração é enganoso e o sábio Salomão nos diz: “o que confia no seu próprio coração é insensato” (Provérbios 28.29).

Pr. Antônio Siqueira

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