Para compreendermos essas
convicções missionárias de Jesus, iremos abordar o texto de Mateus 9.35-38 como um referencial
daquilo que Jesus nos deixou como modelo a seguir.
1.
A MISSÃO DE JESUS É INCLUSIVA.
Pelo modelo de Jesus aprendemos que
a missão é inclusiva. O Divino Mestre percorria todos os povoados, vilas e
cidades. No contexto de Mateus, as cidades e povoados percorridos por Jesus são
na Galiléia. Este fato é profundamente significativo, pois Galiléia era
marginalizada pelos judeus do sul (Judéia), devido à miscigenação que ocorrera
com o povo galileu. A Galiléia era chamada de “Galiléia dos gentios” e de lá
era corrente dizer não havia nenhum profeta. Para uma ala do judaísmo Jonas não
era considerado profeta, pela
natureza do seu ministério. Era uma forma de ofensa discriminatória
chamar alguém de Galileu.
Ao embrenhar por estes lugares,
Jesus está dando um modelo de ação para a igreja. Esse modelo exige que
tenhamos em mente um evangelho inclusivo, o que nos leva a entender um evangelho que chega
de forma compreensível e acessível a qualquer nível da sociedade. A igreja não
tem o direito de eleger aqueles que devem receber o evangelho. Não podemos
fechar os olhos, fingir que não vemos aqueles que a sociedade insiste em fazer
de conta que não existe.
O evangelho não é para uma elite ou
para um grupo especial, mas deve ser anunciado em todos os lugares. O homem,
não importando sua condição social, moral ou intelectual, é alvo do evangelho.
Portanto, onde existe humanidade ali está um campo missionário. Temos então de
ir onde o ser humano está.
2.
A MISSÃO DE JESUS É PERCEPTIVA.
O modelo missionário aplicado por
Jesus é também perceptivo. Sempre encontramos relatos da capacidade de Jesus para conhecer e compreender a
realidade das pessoas. No texto de Mateus 9 o evangelista fala que Jesus viu a
multidão e se compadeceu dela. Esta idéia de compaixão é muito forte e denota a
capacidade de compreender a extensão da dor e do sofrimento de alguém.
Compaixão tem a ver com algo que sentimos no mais profundo do nosso íntimo.
É muito importante essa habilidade
de “ver” para o desenvolvimento de um ministério efetivo. O “ver” revela como
devemos agir. O “ver” gera atitude. No caso de Jesus ele viu e se compadeceu. A
insensibilidade é resultado de vermos e não sentirmos compaixão. Se não somos sensíveis, nossas
atitudes serão de desprezo, rejeição, inação e repelência.
Como igreja nós somos ensinados nesse modelo de Jesus: envolvermos
movidos pela percepção da realidade humana. O que Jesus viu naquela
multidão foi descrito por Mateus em três estágios:
Primeiro eram os aflitos. Note que a palavra
sugere alguém muito machucado e que, devido aos ferimentos, está agonizando de
dor. O que Jesus vê é uma multidão que agoniza diante de tanto sofrimento e pecado.
Os traumas causados pela queda estão ardendo e a dor é tão grande que essas
pessoas expressam em seus semblantes a dor. Estão com a alma doída.
Segundo, eram os exaustos. As
pessoas que Jesus vê estão machucadas e a beira da morte. O melhor exemplo de
exaustão que encontramos na Bíblia, talvez seja o do homem que foi assaltado e
deixado semimorto na margem do caminho, na parábola do bom samaritano.
Terceiro, eles eram como ovelhas que não tem pastor. Essa é uma
expressão de cunho político (Nm 27.15-17; I Rs 22.17). Deus levantou líderes
para guiar Israel, para que as ovelhas do seu rebanho não ficassem sem pastor.
Jesus está denunciando o descaso das autoridades, que abandonaram o povo à própria sorte.
A percepção de Jesus é ampla, ou
seja, não é restrita a algumas áreas da vida do homem. Como igreja do Senhor
Jesus nós precisamos aprender a perceber a realidade do homem e da sociedade
que nos cerca. Sem essa percepção não teremos condições de amar e ajudar
essas pessoas porque nos faltará o princípio básico que é o de compreender
a verdadeira realidade do ser humano.
3.
A MISSÃO DE JESUS É ENVOLVENTE.
No texto de Mateus 9, após perceber
a realidade do homem, Jesus convida seus discípulos para que vejam a mesma
realidade. O convite é para que se veja a seara. A seara é toda a realidade do homem. O convite de
Jesus é para que vejamos o homem em sua miséria e desconforto, situações produzidas
pelo pecado que o escraviza.
A fórmula como Jesus determina para que possamos nos
inteirar desta realidade é orar. Ninguém pode orar por uma causa a não ser que
esteja envolvido com ela. E ninguém pode estar envolvido com uma causa sem orar
por ela. Aqueles que oram são os mesmos
que são enviados. Comumente oramos para que Deus levante e envie pessoas, mas
nem sempre estamos conscientes de que para orar é preciso estar envolvido. Quem
ora já está comprometido.
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