sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A Primazia da Pregação


(Extraído do livro: Homilética - a primazia da pregação. De minha autoria)

Porque precisamos da pregação?

Existe necessidade da pregação? Há espaço em nossas igrejas para a pregação? Os modelos de igrejas, de cultos valorizam a pregação? Haverá lugar na igreja moderna e no mundo moderno, para a pregação, ou ela tornou-se obsoleta, irrelevante?
Precisamos fazer estes questionamentos se queremos realmente estudar homilética. Não haverá necessidade de estudarmos essa matéria se as respostas às questões anteriores forem negativas. Nossa grande preocupação está no fato de que nossas respostas podem ser afirmativas, mas na verdade, a nossa prática diária não reflete o valor que damos para a pregação.
Ninguém em juízo perfeito, que leva a Escritura a sério, poderia negar a primazia da pregação. (Romanos 1.11-12,15). Paulo escreveu cartas inspiradas que regem as ações da igreja, mas jamais interpretou que seus escritos pudessem substituir o confronto pessoal.
No Novo Testamento vemos que a pregação é meio pelo qual Deus opera (1 Pedro 1.23-25). Paulo afirma aos tessalonicenses que foi através da pregação que ocorreu toda a transformação da sociedade deles (1 Tessalonicenses 1.9-10; 2.13). Segundo Robinson ( 1983, p.14) a pregação “na idéia de Paulo não consistia de um homem que discutia religião. Pelo contrário, o próprio Deus falava através da personalidade e mensagem de um pregador para confrontar homens e mulheres e trazê-los para Ele”. 
A obra da pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser convocado (LLOYD-JONES 1984, p.7). O chamado que Deus nos concedeu de pregarmos a palavra viva é um dom inestimável, pois o valor desse dom para a igreja é incalculável. Podemos afirmar sem hesitação que, a mais urgente necessidade da Igreja Cristã da atualidade é a pregação autêntica. (LLOYD-JONES, 1984, p.7).
Conta-se a história de um pregador, cuja esposa mantinha em casa uma caixa fechada, e ela não contava a ninguém qual  o conteúdo daquela caixa. O marido insistia, insistia para que ela contasse o que havia dentro daquela caixa, mas ela nunca cedia. Certo dia a esposa saiu para uma reunião de mulheres da igreja e o homem curioso que só, não agüentou de curiosidade e abriu a caixa. E o que tinha dentro? Três ovos e mil reais. A sua curiosidade só aumentou porque não entendeu o que significava aqueles três ovos e o dinheiro. Quando a esposa chegou, o marido inquieto lhe disse que havia aberto a caixa, não suportara a curiosidade, mas que agora estava mais curioso ainda porque não podia entender qual era o significado daquelas coisas dentro da caixa. A esposa então lhe disse que nos últimos quinze anos de ministério toda vez que ele pregou mal ela havia colocado um ovo na caixa. O marido sorridente e aliviado suspirou, afinal de contas em quinze anos, apenas três ovos, mas antes que a admiração lhe tomasse conta ele se lembrou do dinheiro e perguntou o que significava o dinheiro, ao que ela respondeu: sempre que intera uma dúzia eu vendo.
Nossa tarefa como pregadores é absolutamente nobre e como tal deve ser exercida com nobreza. As escrituras afirmam que em não havendo profecia o povo perece. A causa de tanta fragilidade e despreparo dos crentes, assim como o surgimento de tantas doutrinas falsas que proliferam dentro de nossas igrejas, seja a ausência de uma pregação autentica.
Nossos cultos têm sido transformados em shows. Os pregadores precisam se adequar a essa nova mentalidade de culto e se transformarem em homens de palco. Essa mudança vem ocorrendo desde o século passado e tem deixado grande prejuízo para o evangelho. Certamente a causa dos principais problemas da igreja de hoje é a falta da pregação bíblica. A perspectiva bíblica acerca do homem é clara. O homem está caído, e por natureza ele está morto em seus delitos e pecados. Quando Paulo anuncia esta perspectiva em Efésios 2. 1-5 ele tem em mente que o homem está morto em seu relacionamento com Deus e impossibilitado de se relacionar com Deus, a não ser pela ação da graça de Deus na vida deste homem. Uma das razões pela qual o homem está impossibilitado de retomar seu caminho com Deus é que ele está cego. Em 2 Coríntios 4.3-4 nos é dito que o príncipe deste mundo cegou o entendimento dos homens, por isso estão com seu entendimento obscurecido. Podemos compreender que a perspectiva bíblica do homem é que este se encontra em um estado de ignorância.
Paulo classifica a salvação em como “chegar ao conhecimento da verdade”. O ensinamento bíblico  atinente a salvação é o fato de conduzir os homens a esse “conhecimento” que lhes falta, de dissipar a ignorância. (LLOYD-JONES 1984, p.20). Daí a primazia da pregação. Lloyd-Jones sintetiza isso da seguinte maneira:
“Se a mais profunda necessidade do homem, se a sua necessidade final é algo que procede dessa sua ignorância, a qual, por sua vez, é resultado de sua rebeldia contra Deus, então, nesse caso, o que ele necessita antes e acima de tudo é ser informado a esse respeito, ser informado sobre a verdade acerca de si mesmo, ser informado do único meio através do qual a situação pode ser modificada. Por conseguinte, assevero que é tarefa peculiar da igreja, bem como do pregador, tornar tudo isso conhecido”. (LLOYD-JONES 1984, p.21)


Precisamos da pregação para dar ao homem o conhecimento que ele precisa para sair a ignorância com relação a salvação. Muito do que se vê do descomprometimento dos homens para com Deus se deve ao fato de não conhecerem os desígnios de Deus.

Quando nos propomos a estudar a homilética, acima de tudo queremos nos conscientizar de que a tarefa a nós confiada é de suma importância, é fundamental para o desenvolvimento do evangelho e para que Cristo encontre um povo seu zeloso e fiel quando voltar em sua glória.

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