quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A importância do Gabinete Pastoral e os cuidados que se deve tomar




1-   Gabinete Pastoral um lugar de devoção

De acordo com a teologia bíblica, identificamos algumas características ou fundamentos que são  fundamentais para o exercício do ministério pastoral.

Fundamentalmente algumas características são imprescindíveis para o exercício do ministério pastoral. Diria que existem características que são voltadas para Deus, outras voltadas para o rebanho e há ainda aquelas que são voltadas para a vida pessoal do pastor.

Dentre as voltadas para Deus, penso que deveríamos destacar a devoção ou espiritualidade. O ministério pastoral tem em si uma nuance perigosa, que é o fato de se poder realizar o ministério, é obvio que sem profundidade bíblica, sem  a devida devoção a Deus, ou seja, não precisamos estar bem com Deus, para pregarmos de maneira eloqüente, compreendermos de maneira clara os problemas dos outros e darmos bons conselhos. Infelizmente isto pode ser feito de maneira natural, basta ter uma queda para a oratória e a retórica e ler alguns livros de auto-ajuda.

Quando falamos em devoção, pensamos em vida de oração, de meditação nas Escrituras, de temor a Deus. Enfrentamos grande luta diária para nos livrarmos da tentação do “fazer”. Precisamos antes do “fazer” desenvolver o ser. Deve-se ser tarefa prioritária na vida pastoral devotar tempo útil a Deus, por meio da oração e meditação, sem isto não se desenvolve temor a Deus, que o princípio de toda sabedoria. O tempo que se investe na devoção, será economizado na ação do dia-a-dia.

Dentre as características voltadas para o rebanho é preciso ressaltar a afetividade. Pedro fala aos crentes que os presbíteros devem exercer o pastoreio do rebanho como Cristo, não por constrangimento, nem por ganância, nem por força. Estas três atitudes negativas enfatizadas por Pedro denotam a falta de afetividade. Quando se pensa em afetividade temos que levar em consideração que esta palavra implica em uma demonstração prática e inequívoca do amor cristão.

Ser afetivo para com o rebanho implica em desenvolver amizade, simpatia e consideração para com as pessoas. Encontramos na pessoa de Jesus um exemplo claro de afetividade. Em contrapartida, no modelo de sociedade que vivemos, somos empurrados para o ativismo e para a impessoalidade. Tratamos as pessoas como números. No processo da massificação perdemos a pessoalidade.

O cuidado de si mesmo envolve a questão do tempo. A administração do tempo é fundamental para aquele que trabalha com uma margem muito grande de imprevistos.

2-   Gabinete Pastoral um lugar de estudo

Toda política missionária da igreja deve estar voltada para estabelecer a Palavra de Deus como fundamento de vida daqueles que são alcançados pelo poder do evangelho.  A missão de Jesus consistia em trazer Israel de volta à obediência das Escrituras.

Não há como ser povo de Deus e não obedecer aos princípios de Deus. O retorno às Escrituras é o retorno à obediência.

Para que isso se torne realidade, o tempo de estudo e a qualidade do estudo que praticamos é fundamental.  Não podemos nos contentar com a superficialidade nos sermões e estudos que ofertamos para a igreja, porque isso vai contra o nosso chamado e enfraquece o rebanho. É uma lógica simples: o tempo que você investe no preparo de um bom sermão/estudo, será economizado na assistência aos membros que estarão fortes e saudáveis.

É imprescindível ter um plano de estudo para não se perder, por isso é importante um planejamento de pregações (pregações em série). Também é fundamental a priorização do tempo de estudo.

3-   Gabinete Pastoral um lugar de planejamento
O primeiro passo para quem deseja ir a algum lugar é definir onde ir. Ninguém pode sair do lugar a não ser que tenha respondido a perguntas chaves.

Embora o pastor não seja responsável pela execução de todas as tarefas, é de sua responsabilidade dar a direção, ou seja, o papel do planejamento é do pastor.

 Modelo simplificado de uma folha de planejamento
O QUE?
QUEM?
QUANDO?
POR QUÊ?
COMO?
QUANTO?
OBJETIVOS
RESPONSÁVEL
INÍCIO
FIM
RAZÕES
PROCEDIMENTOS
RECURSOS  








4-   Gabinete Pastoral um lugar de influência

Quais os principais requisitos que o pastor deve possuir ao tomar para si a responsabilidade de influenciar vidas e tomadas de decisões de outras pessoas? Quais os limites de um aconselhamento pastoral?

Alguns elementos devem compor o caráter de um pastor que assume a responsabilidade de influenciar as pessoas, chegando às vezes ao nível de ajudá-las a tomar decisões. Dentre esses elementos quero destacar:
a-    Sensatez: sensatez é uma habilidade que nos permite ver perigos e vantagens em uma determinada situação. Nem tudo que é bom pode ser sensato naquele momento. Não existe pior orientação do que aquela advinda de uma pessoa insensata, desequilibrada e desajustada emocionalmente.

b-   Sensibilidade: sensibilidade é a capacidade de percepção do que realmente está acontecendo. Isso é imprescindível para aquele que se propõe a orientar, influenciar a vida de outro. Compreender o máximo possível o que está acontecendo, as variantes e as próprias limitações para ajudar. Um conselheiro que não seja sensível cairá no ridículo de imaginar que a situação do aconselhando não seja tão ruim ou que não é uma realidade favorável. Sensibilidade é a capacidade de ver os fatos e interpretá-la como de fato é.

c-    Sabedoria: a sabedoria não se expressa pelo nível de conhecimento, mas pela maneira como expressamos o que sabemos.  A sabedoria é indispensável no processo do aconselhamento uma vez que não sabemos tudo sobre todos os fatos.

O uso destes elementos promove um aconselhamento saudável e ajuda ao conselheiro reconhecer seus limites. Esses limites são acerca do envolvimento, até que ponto posso me envolver com esse problema, pois o conselheiro não pode se tornar parte do problema, é preciso que se mantenha certa independência.







segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Chamado Missionário (Parte II)


II- O chamado no Novo Testamento.

O Novo Testamento corroba aquilo que o velho define sobre o chamado, ou seja Deus continua  chamando as pessoas  que Ele quer chamar para a realização de seus propósitos salvíficos.

O Novo Testamento talvez amplie alguns princípios já elaborados no Velho Testamento. O chamado de Jesus aos seus discípulos é no sentido de “fazer uma chamada imperiosa a um indivíduo, ou a um grupo existente e mais ou menos definido como os discípulos``.[1] Isto nos ajuda a compreender a idéia do chamado específico. O chamado não é entendido por Jesus como um fim em si mesmo, mas como o meio de realizar os propósitos de Deus entre os homens.

Um outro aspecto interessante e que precisa ser analisado é que o chamado está sempre vinculado à Igreja. O Novo Testamento não abre possibilidade para o auto-chamamento. A igreja é que  concede o aval do chamado, em At 13:1-3 ocorre exatamente isto. O Espírito Santo separa a Barnabé e a Saulo e a igreja avaliza este chamado, impondo as mãos, abençoando e enviando estes irmãos.

         C) O chamado na visão de Paulo.

Eleição e vocação são dois aspectos inseparáveis na visão de Paulo. Ele entende a vocação “ como sendo o processo através do qual  Deus chama aqueles que já elegeu e nomeou, para saírem da escravidão deste mundo afim de que Ele os justifique e os santifique, trazendo-os ao serviço d´Ele``[2] (Rm 8:29-30).

A vocação sempre vem de Deus e Ele tem sempre um propósito quando vocaciona alguém. É assim que Paulo descreve o seu chamado para ser  apóstolo. Quando ele se declara ‘chamado para ser apóstolo` está ressaltando o fato de que deve a sua posição de apóstolo a uma vocação especial da parte de Deus.

II - O CHAMADO MISSIONÁRIO EM NOSSOS DIAS.

Existe muita dúvida sobre aquilo que chamamos de vocação missionária. Nem sempre aparece um anjo trajando roupas verde-limão , nem sempre acontece aquilo que a Bíblia preconiza como modelo.

Na tentativa de  esclarecer um pouco este assunto o Pr. Oswaldo Prado em seu livro Do Chamado ao Campo nos apresenta alguns modelos.*

A) O modelo de Pedro ( Mt 4:18-19 )

Aquele mais clássico de todos, em que a pessoa sente um impulso de deixar tudo o que está fazendo e se envolve com a obra missionária, geralmente de tempo integral.

Este modelo é o mais comum na história da igreja e talvez por  isso é o mais aceitável pela maioria dos líderes evangélicos. Com certeza grande parte dos missionários de hoje trazem consigo este perfil.

B) O modelo de Paulo.

O modelo do chamado de Paulo é bem diferente  daquele que foi usado para definir grupo apostólico.

Diferente dos Pedros  os Paulos resistem muito para  seguir a Jesus, mas quando o fazem, se tornam exemplos de dedicação e testemunho no serviço missionário.

C) O modelo Profissional

O mundo está se fechando para o trabalho missionário. Existem três grandes blocos religiosos no mundo, o islamismo, o hinduísmo e o budismo, e nestes blocos as portas para a entrada  de missionários no estilo de Pedro, estão quase que totalmente fechadas.

Precisamos incentivar os vocacionados para missões a buscar uma formação universitária, pelo menos técnica, antes de serem enviados ao campo. Isto seria de uma relevância tremenda para o desenvolvimento de uma estratégia missionária, especialmente junto aos países mais resistentes.

A igreja que deseja envolver seus membros em missões precisa estar atenta para este modelo. Chegamos ao momento em que não basta  uma boa formação teológica.

A igreja missionária deve estar aberta para nos próximos anos enviar alguns de seus melhores profissionais para pregarem o evangelho em lugares estratégicos do mundo.

D) O modelo do não chamado.

Esta é uma forma não usual de chamado, mas que permanece em nossos dias. São aqueles que  reconhecem sua vocação missionária sem, no entanto terem necessariamente passado por uma experiência  clara de chamado.

Um exemplo deste modelo de chamado é o do Dr.Dick Hills fundador da Overseas Crusades International (Sepal no Brasil) e 18 anos como missionário na china, ele diz: “Eu nunca fui chamado para a china ... Deus me deu  o dom de ensino``. Sua visão de ministério estava firmada na seguinte convicção:” seu chamado é aquilo que você tem que ser, e que é determinado por seu dom. seu chamado nunca muda: sua direção pode mudar. Se você está preocupado quanto ao seu chamado, é tempo de se preocupar com o seu dom``.

Sempre é bom lembrar que Deus trabalha de maneira incomum e precisamos estar abertos para as surpresas que Ele nos proporciona.


[1] BROWN,Collin, O Novo dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 1981
[2] Idem

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Espírito Santo visto na perspectiva de Atos


PNEUMATOLOGIA EM ATOS
Atos dos Apóstolos, bem que poderia ser chamado de Atos do Espírito, e assim o foi chamado  por um período na história da igreja. O que temos neste relato se confunde entre uma narrativa da história da igreja e uma demonstração da ação do Espírito de Cristo na continuação da divulgação da mensagem do reino iniciada por Cristo. O que veremos a seguir é uma análise simplificada da ação do Espírito Santo, abordando apenas dois aspectos.
        1-   A FUNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO EM ATOS (1.1-2)
Nestes versos iniciais Lucas apresenta a sua intenção em escrever este segundo livro. Dois pontos se destacam nesta introdução de Lucas:
a-      O que Jesus começou em carne humana, agora continua em sua nova humanidade, através do Espírito Santo por meio da igreja;
b-      O ministério de Jesus pós-ressurreto deve ser entendido como um ministério levado a efeito “por intermédio do Espírito Santo”.
a.       Jesus é o sujeito da obra do Espírito Santo na história;
b.      Lucas vincula a obra de Jesus com o ministério do Espírito Santo. O que Jesus fez, ou continua a fazer era  e é “por intermédio do Espírito Santo”. Não podemos separar a obra de Jesus Cristo, como se fosse possível entender que o Espírito Santo tivesse uma obra independente, exclusivamente sua.
c.       A obra do Espírito Santo é a extensão do ministério iniciado por Jesus, e agora continuado por ele, e os atos dos apóstolos são o fruto e a expressão desse ministério.

          2-   O ESPÍRITO SANTO COMO DINAMIZADOR/CAPACITADOR DA IGREJA (1.8)
O uso da preposição grega (epi – sobre) aponta para o doador soberano e gracioso e desvia a atenção dos recebedores: O Espírito Santo vem “sobre”. O Espírito Santo “vem de cima”, ou seja, o Espírito Santo é uma dádiva divina. O Espírito não vem de dentro, mas sim do alto (Lc 24.49), isto é, o Espírito Santo não surge  dentro, da vida emocional ou espiritual do  recebedor, não depende do estado anterior da pessoa, nem é sujeito a ele. O Espírito Santo vem de cima, da parte de Deus sobre as pessoas.
Quando o Espírito Santo descer sobre o seu povo, haverá poder. Mas segundo o texto, não poder para si só, ou para nós, mas sim, para uma tarefa mais alta – “sereis minhas testemunhas”. A palavra “minha” é enfática. É significante que o objeto do testemunho espiritual não deva ser o seu dom, poder, batismo. Jesus é o objeto, sendo assim vejamos duas implicações:
a-      OS APÓSTOLOS SÃO TESTEMUNHAS DE CRISTO – Eles pertencem a Cristo e são possessão dEle.
O poder do Espírito Santo é primaria e principalmente um poder que nos liga a Cristo. Isto é claramente demonstrado com o verbo utilizado para descrever a ação do poder do Espírito Santo. “sereis” é um verbo de ligação. O resultado do poder do Espírito Santo não é aquilo que os homens fazem, mas sim, o que chega a ser. O poder do Espírito é sua capacidade de ligar o homem ao Cristo ressurreto de tal maneira que seja capacitado a representá-lo.
Somente quando o Espírito Santo desce sobre os apóstolos é que eles foram ligados ao Senhor ressurreto, e somente então tiveram a autoridade e capacidade para testemunhar.
b-      A UNIVERSALIDADE E A INCONDICIONALIDADE DO EVANGELHO
Os samaritanos (racial e religiosamente suspeitos), os gentios (espiritualmente impuros) são os alvos do  evangelho. A igreja aprende a natureza do evangelho – como sendo uma promessa universal recebida à parte da obediência a lei ou condições especiais de santidade, isto é, que a salvação é recebida pela fé. Isto passa a ser a natureza e a missão da igreja.

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